Série as novas gerações de profissionais

Ritmo da tecnologia é decisivo para formar a personalidade da geração Z

O mundo desses jovens, nascidos em meados de 1990, sempre teve  internet, e-mail, celular, e, a toda hora, aparece uma novidade. A  tecnologia também molda uma geração em que a comunicação é instantânea e  nem sempre depende do olho no olho.                     

FábioTurci 

São Paulo, SP


                                                                  
                

“Lerdeza”, diz Marco Briani, 17 anos, quando perguntado sobre o que o  deixa impaciente. Parece aquela impaciência da geração Y? Mas é pior.  “Pessoas que fazem tudo muito devagar ou que demoram para entender uma  coisa me causam irritação extrema”, completa Marco.

Uma nova leva de jovens chama a atenção de educadores e especialistas  em recursos humanos. Eles ainda não chegaram à universidade, mas já  demonstram que vão ter um comportamento diferente no mercado de  trabalho. Os dias de caçula da geração Y vão acabar. Vem aí a geração Z.
  “Eu acho que o que tira a paciência dele é quando ele não consegue  rapidamente o que ele precisa, o que ele quer, de mim ou de alguma  situação. Porque não é a internet, não é o computador, que, ‘tuf’, já  está lá”, diz Sandra Mara Azevedo, mãe de Marco. “Mas se é agora é  agora!”, replica Marco. “Tá vendo? Quando é agora, é agora. Só que o seu  agora às vezes é um pouco agora demais, entendeu?”, completa Sandra.
  “A nossa geração é muito rápida, internet e tudo mais, então a gente  quer tudo com muita ansiedade”, afirma Mariana Matheus, 17 anos.
  Na linha do tempo, a geração Z nasceu a partir de meados dos anos 90. O  mundo desses jovens sempre teve internet, e-mail, celular, e, a toda  hora, aparece uma novidade. O ritmo ditado pela tecnologia é decisivo  para formar a personalidade da geração Z.
  “Essa geração atual não compreende a si mesma, a geração Z, sem que  haja digitalização do mundo, das relações, da vida. Ela não se  compreende e não compreende a vida fora disso”, diz o educador Mário  Sérgio Cortella.
  “Às vezes, é o computador ligado, conversa, jogo, música, o celular do  lado, a TVA ligada, essas coisas todas, e você vai prestando atenção em  tudo que está acontecendo”, explica Rodrigo Lavorato, 17 anos.
  “Um menino entra hoje na empresa como um trainee e ele acha que, se em 2  anos, ele não for um dos diretores, ele é um fracassado, se ele é da  geração Y. Ele não tem ideia de tempo, de maturação de carreira. A  geração Z agudiza essa situação”, afirma Cortella.
  A tecnologia também molda uma geração em que a comunicação é  instantânea e nem sempre depende do olho no olho. Parece contraditório,  mas eles se comunicam tanto que ficam isolados na própria casa.
  “Sabe que eu levei ele no otorrino, porque achava que ele tinha  problema de surdez? Porque eu abria a porta do quarto, falava com ele,  na quarta, na quinta vez, quando eu estava berrando, é que ele me  respondia. Aí o otorrino falou que o ouvido dele é seletivo, ele só ouve  o que ele quer. Mãe acho que não é uma coisa que ele gosta muito de  ouvir”, diz Sandra, sobre o filho Marco.
  “A gente fica menos na sala. A sala não é mais um lugar de convívio da  família e eles vão para os seus quartos, mas a gente não pode dizer que  eles fizeram isso sozinho. Os seus pais ajudaram a educar dessa forma”,  afirma Eline Kullock, presidente do Grupo Foco.
  “A maioria das famílias não acompanha esses adolescentes. Eles ficam  sozinhos porque os pais trabalham. Dessa forma, eles estão acostumados a  ficar com eles mesmos, independentes, a fazer as coisas do jeito que  eles querem e quando eles querem. Então, no momento que eles têm que  dividir, isso se torna muito difícil”, diz a professora Desirée Azevedo.
  É uma geração conhecida como individualista. Pensando no futuro, esses  jovens podem ter muita dificuldade de trabalhar em equipe. E tanto o  trabalho em equipe quanto a paciência essa geração precisa cultivar.  Quando chegar nas empresas, ela vai ter que se acostumar a ajudar os  mais velhos com a tecnologia, como acontece em casa. E já imaginou  tratar um colega ou um chefe assim?
  “Tentei ensinar minha avó uma vez. Não deu certo. Porque ela não  conseguia nem mexer no mouse. Ela não conseguia entender como o mouse se  movia na tela. Ela não conseguia. Fiquei dois minutos e desisti. Falei  ‘Vó, vai cozinhar’”, diz a estudante Andrea Teixeira.
  A geração Z há de ter o seu lugar, assim como as outras. Os baby  boomers, experientes e que vestem a camisa da empresa. A geração X, mais  dedicada ao trabalho, e que combina um pouco da experiência dos mais  velhos com o pique dos mais novos. E a geração Y, cheia de ideias, de  energia, de capacidade para inovar.
  “Essas gerações que convivem podem ter uma relação de aprendizado ou  podem ter uma relação de rejeição. Essa mescla de gerações oferece um  aumento de repertório para soluções. Empresas inteligentes mesclam  gerações nos projetos, nas equipes, para obter aumento de repertório e,  portanto, de arsenal de respostas”, conclui Cortella.
  Respeitadas as habilidades de cada uma, todas as gerações têm o seu  espaço. “Se eu tiver que alocar pessoas numa função de planejamento, eu  diria que esse é o baby boomer. Para definir orçamentos, quanto vai  custar, eu diria que são os práticos da geração X. Esses vão saber  alocar recursos muito bem. Para partir para ação, eu diria a geração Y,  que é mais imediatista, não quer planejar, quer sair na rua vendendo,  criando. Então, se a gente puder fazer esse círculo, todas elas vão se  complementar muito bem”, diz Eline.
  “É uma troca, entendeu? Eu sempre tive facilidade, sempre busquei  retirar o melhor das pessoas mais velhas porque eles têm sabedoria”,  explica Júlia Rizzi, estudante.


Fonte: Jornal da Globo (G1)

Geração Y cria e dirige empresas de sucesso no Brasil e no exterior

 

Fonte: G1

 

Empresas encontram desafios para manter talentos

Os jovens querem progredir rápido e mudam facilmente de emprego em  busca do crescimento. Já as companhias tentam estimular essa geração  para mantê-los na equipe e melhorar a relação dos Y com os Baby Boomers e  os X.

Fábio Turci / Marcos Losekann / Roberto Kovalick                                                                                    
São Paulo, SP / Londres, Reino Unido / Tóquio, Japão


                                                                  

        
  Um cafezinho. Bate-papo. Um bom livro. E a vista panorâmica de São  Paulo. Não é nenhum barzinho, nenhum café, e o pessoal não está de  folga. Todo o espaço, na verdade, é a ante-sala do trabalho.

  O lugar é aconchegante, mas não tem mordomia para ninguém. Todo mundo,  de estagiários a diretores, tem que pegar a própria xícara e, depois,  colocá-la na máquina de lavar. Acabou o tratamento VIP que só os chefes  tinham.

  “Quanto mais você subia na hierarquia, mais status você tinha. As salas  iam crescendo, o local onde era sua sala. Muitas vezes, você tinha o  copeiro, copeira, servindo café, fazendo os serviços, ou seja, mostrava  que a hierarquia era presente e que tinha as diferenças dentro da  organização”, diz Adriana Tieppo, diretora de recursos humanos da  Boehringer.

  Os chefes também perderam as salas. Agora, senta todo mundo junto. Com  as mudanças, a empresa quer mostrar que há chance para todos. “O  crescimento é pelo seu potencial de realização. Seja a idade que você  tem, ou mais jovem, ou mais velho, não tem preconceito por nenhum dos  lados”, afirma Adriana.

  A empresa, do ramo farmacêutico, tem mais de 600 funcionários, bem  distribuídos entre as diferentes gerações: os "baby boomers" (25%),  nascidos entre o fim da Segunda Guerra e a metade da década de 60; a  geração X (42%), de quem nasceu entre a segunda metade dos anos 60 e nos  anos 70; e a Y (32%), formada pelos nascidos dos anos 80 até meados da  década de 90.

  Na empresa, a perspectiva de crescer e o tratamento igual entre todos  estimulam, principalmente, a geração Y, que não dá muita bola para  hierarquia. Já a geração X tem que se acostumar a não ostentar tanto o  poder de chefe.

  “O RH das empresas está preocupado com a maturação deste geração X para  que ele seja mais benevolente com essas questões de hierarquia, que não  são respeitadas pela geração Y. Muitas vezes, quando essas duas  gerações se batem, dado que a geração Y não tem tantas âncoras, não tem  tanta responsabilidade, o que acontece? Ele vai trocar de empresa”,  afirma Renato Trindade, presidente da Bridge Research.

  E se a geração Y gosta de prazer e de tecnologia, foi criado um  cantinho para eles. “É um espaco diferente, diferente de você estar ali,  dia inteiro na frente de um computador, são oito horas. Então, você vem  aqui, dá uma distraída. A hora que você volta, volta com mais gás,  volta com mais vontade”, diz Raphaela Guedes, analista de trade  marketing.

  Uma empresa de tecnologia da informação também incorporou o jeito mais  informal da geração Y para melhorar a convivência com os jovens. O jeans  foi liberado. Dá para trabalhar de casa duas vezes por semana. Os  funcionários ainda viajam para ajudar comunidades de países pobres. Isso motiva o Y Eduardo Ikeda, coordenador de inteligência de mercado  da IBM. “Você tem que sentir que sua empresa, de alguma maneira,  contribui para um mundo melhor e, ao mesmo tempo, ter qualidade de  vida”, diz.

  A empresa está até criando um comitê para "discutir as relações". “Esse  comitê é formado por pessoas de diferentes gerações, e elas vão fazer  uma troca das necessidades de cada um”, explica Gabriela Herz,  consultora de RH da IBM.

  Em outra empresa, que tem escritórios em 40 países, o intercâmbio é uma  forma de estimular o pessoal. Uma das funcionárias foi enviada para  Londres.
  Jovens dos cinco continentes correm para Londres em busca de  oportunidades. É a cidade que mais recebe estudantes brasileiros na  Europa. Conseguir também uma experiência profissional por lá pode  significar um salto e tanto na carreira.

  Sorte e mérito de Daniela Godoy, de 28 anos. Ela entrou há pouco mais  de um ano na filial brasileira de uma empresa britânica. Logo, os  diretores identificaram várias habilidades na jovem: capacidade de  liderança, visão crítica, inglês fluente. Daniela foi escolhida para ir a  Londres por seis meses para ajudar a criar a política global de RH do  grupo.

  “Carreira internacional, ter uma exposição internacional, foi uma coisa  que eu sempre quis. Então, quando eu entrei numa empresa multinacional  que podia me dar essa possibilidade, eu corri atrás disso”, diz Daniela.

  Mas e quando nem mesmo o mais talentoso dos jovens encontra espaço para  crescer? É o que acontece em muitas empresas japonesas. Os mais velhos  mandam, os mais jovens obedecem. E pronto. É a lógica de um sistema  hierárquico extremamente rígido que impera na sociedade japonesa,  chamado “senpai-kohai”, ou veterano-novato. O sistema tem origem no  século XVI, quando o Japão era comandado por chefes militares, os  shoguns. A sociedade era dividida em cinco categorias.

  O sistema foi abolido oficialmente No século 19, mas a influência  permanece até hoje. Há uma palavra em japonês para definir como a  sociedade japonesa como deve funcionar: “tate shakai”, ou seja, uma  sociedade vertical, em que todo mundo sabe seu lugar, deve obediência  para quem está acima e manda em quem está embaixo. Quem mais sofre com  isso são os jovens, já que a ascensão se dá, por tempo de serviço e não  por mérito ou talento.

  Um professor universitário que estuda o tema diz que o Japão terá que  tornar as relações entre as gerações mais flexíveis pra concorrer com  países que dão chances aos mais novos. Um dos ganhadores do Nobel de  Química deste ano endureceu o tom. Radicado há 40 anos nos Estados  Unidos, Ei-ichi Negishi aconselhou todos os jovens pesquisadores  japoneses a abandonar o Japão, como ele fez, porque, no país onde  nasceram, não haveria futuro para eles.

  No Brasil, as empresas se preocupam em não perder os jovens talentos,  mas, às vezes, para aproveitar melhor a energia e a criatividade da  geração Y, é preciso puxar o freio deles. Em uma multinacional de  eletrodomésticos, existe uma área onde a geração Y é estratégica:  inovação.

  “É uma geração que tem muita vontade de mudar o mundo, querem fazer  tudo muito rapidamente e olham as coisas de uma perspectiva diferente”,  afirma Mário Fioretti, gerente de inovação da Brastemp.

  Mas, no ambiente corporativo, inovação não é mudar o mundo. “Inovação é  pensar diferente. A ansiedade, misturada com a ordem e a disciplina que  tem que ter, para se ter um método. Eu diria que, de todas as ideias  que surgem, talvez menos de 10% são aproveitadas, e como lidar com essa  situação com uma garotada que quer mudar o mundo?”, diz Fioretti.

  Como? Afinando a empresa com o perfil da geração Y. “Ela é super  aberta, é bem Y, por assim dizer, é bem informal. Você tem acesso a  diretores, vice-presidentes, gerentes com uma facilidade tremenda. Acho  que isso faz com que eu me sinta bem aproveitada, você é ouvida”, diz  Juliana Harumi, especialista de inovação.

  “A gente, às vezes, acha que todas as ideias são as melhores, que vão  dar certo, e nem sempre é assim. As conversas chegam a um ponto comum. A  gente troca muita ideia, então, se a ideia não vai para frente, ela tem  uma justificativa”, explica Fábio Furlan, analista de inovação da  Whirlpool.

  E enquanto muitas empresas estão se adaptando pra não espantar a  geração Y, outras nem precisam disso. Elas já nasceram pelas mãos desses  jovens. É o que você vai ver na próxima reportagem.

   O Jornal da Globo entrou até na sede do Facebook, na Califórnia. Ele  foi criado por Mark Zuckerberg, um gênio da geração Y que virou  milionário. Mas, dentro da empresa, ele é um funcionário igual aos  outros.



Fonte: Jornal da Globo (G1)



Funcionários com valores diferentes geram conflitos em empresas                                                          

O profissional que valoriza a experiência, o Baby Boomer, muitas  vezes enfrenta problemas com a geração Y, jovens de até 30 anos com  ideias novas e muita energia. Isso tudo pode deixar os mais velhos  inseguros, principalmente a geração X, aquela que fica no meio das duas.

Fábio Turci                              
São Paulo, SP




 Quem vê o gerente de marketing da Boehringer Ingelheim, Sérgio Pacheco,  trabalhando, pensa em quê? “Para mim, é um menino ainda”, diz o  consultor de vendas da Boehringer Ingelheim, Carmelo Locateli.

  Mas o "menino" chegou pra ser o chefe. “E aí aquele choque, poxa vida,  eu, 47 anos, ter um gestor com 29, 28, como é que é isso?”, questiona  Carmelo. “Isso é um nó, quando um Y chefia até um Baby Boomer”, afirma a  presidente do Grupo Foco, Eline Kullock.

  Sérgio é da geração Y, aquela dos jovens com 30 anos, ou menos, que têm  pressa pra conseguir reconhecimento e crescimento profissional e que  mudam de emprego com facilidade quando não estão satisfeitos. Carmelo  faz parte dos "Baby Boomers", a geração de quem tem mais de 45 e  valoriza a experiência, o tempo de empresa.

  “É claro que é mais complicado você ter um rapaz mais jovem, uma moça  mais jovem te chefiando, você fica meio frustrado. Gente, lembre-se que o  Baby Boomer, o poder para ele é importante, o saber é tudo. Isso está  na cabeça do mais velho, que tem certa dificuldade de aceitar”, fala  Eline.

  Quando existe conflito de gerações numa empresa, normalmente a geração Y  está no meio. Esses caçulas do mercado de trabalho têm energia,  desenvoltura, intimidade com a tecnologia. E isso tudo pode deixar os  mais velhos inseguros, principalmente a geração X, aquela que fica no  meio das outras duas. É a geração das pessoas com mais de 30 e menos de  45 anos, que viu os pais enfrentarem as crises da década de 80 e, por  isso, trabalhou duro para ter segurança financeira.

  “O X foi treinado, ele foi talhado a trabalhar e esperar um momento que  seria o reconhecimento dele onde ele sobe um degrau. Ele tem medo de  perder o emprego justamente pra pessoas que aparentam ter mais energia  do que ele, que podem eventualmente trazer mais inovação e energia do  que ele”, diz o presidente da Bridge Research, Renato Trindade.

  Alessandro Lima, presidente de uma empresa, já viu isso com  funcionários dele. “A gente já observou casos na empresa de pessoas da  geração X que não aceitavam que uma ideia melhor, uma inovação surgisse  da geração Y”, conta. O próprio Alessandro é um X, geração que valoriza  muito a carreira, mas que vê os tempos mudarem.

  “O que vai definir realmente promoção, ascensão na carreira, é a  competência. Então, não é mais tempo de casa. Tempo de casa não garante  mais nada”, explica o diretor de desenvolvimento humano da Serasa  Experian, Milton Pereira. “Os X que abra o olho, porque os Y tão  chegando com diploma atualizadíssimo”, completa

  Alessandro reconhece que, na empresa, os contemporâneos dele perderam a  briga. “A gente prefere trabalhar com a geração Y por ela estar mais  aberta a novos modelos de trabalho”, diz Alessandro.

  Abertura é o que a Y gerente de projetos Roberta Rossatti espera do  Alessandro, chefe dela. “Eu sinto essa necessidade de aprender junto com  a empresa e de passar pra empresa tudo aquilo que eu consigo aprender.  Mais do que a história da estabilidade, eu quero poder participar dos  processos”, avisa.

  O problema é quando essa participação vem de uma forma que os mais  velhos não assimilam direito. Por exemplo: o jovem Y senta na mesa de  trabalho e fica ouvindo música, navegando em redes sociais na internet.  Um colega da geração X pensa que ele está só enrolando e não acha justo.

  Na verdade, a geração "Y" é assim mesmo: faz várias coisas ao mesmo  tempo, inclusive o trabalho. “Ele nasceu, cresceu, com estímulos, de  música, internet, com amigos no colégio, isso vem para organização, é a  extensão do dia a dia. É o que faz ele ter prazer, então ele está  trabalhando aqui, é lógico, no seu local de trabalho, mas escutando uma  música, escutando um som que ele gosta e isso só colabora, só estimula”,  afirma o gerente executivo da Serasa Experian, Elcio Trajano.

  Outra característica da geração Y é a pouca paciência para reuniões  muito longas. O jovem tira o celular do bolso e começa a mexer, para  passar o tempo. O pessoal mais velho acha falta de educação.

  Quando o jovem Y quer falar com algum chefe, ele, muitas vezes, passa  pelo gerente, normalmente da geração X, e vai logo à sala do diretor  "Baby Boomer". O gerente X não gosta e reclama que o Y não respeita a  hierarquia. “O X se apega um pouco na hierarquia, porque a hierarquia  consolida o poder deles. Esse é um problema que tem que ser gerenciado,  de insegurança da geração X”, explica Milton.
  O conflito entre as gerações atrapalha a produção da empresa. O clima  fica ruim. Chega ao extremo em que o jovem da geração Y é demitido ou  pede demissão porque está insatisfeito. A empresa tem gastos, perde  talentos e fica com a vaga aberta enquanto procura alguém para o lugar. E  quem garante que a história não vai se repetir com o outro funcionário  que for contratado?

  “Tumultua e acaba fazendo com que o objetivo da empresa, que é olhar  para fora, olhar para o mercado, olhar para o cliente, olhar o que está  acontecendo, se transforme num conflito interno. Acho que a empresa que  vai ser a empresa do futuro é a que conseguir conciliar todas as  gerações no mesmo ambiente de trabalho”, diz Eline.

  No caso de Sérgio e Carmelo, a conciliação veio com o tempo. Bastou que  Carmelo visse o jovem chefe em ação. “O cara realmente tem capacidade,  ele não está à toa no cargo que ele está”, fala Carmelo.

  “A idade ela passa desapercebida quando você passa a olhar a  competência técnica do profissional e aí a hierarquia não conta porque o  objetivo é único”, diz Sérgio.

  Sérgio também é chefe de outro Baby Boomer, Walmir, que ao mesmo tempo é  quase um tutor para o jovem gerente. “Ele tem o arrojo, a impulsividade  da juventude, e eu fico servindo como mais ou menos um guia ou um  aparador da impulsividade dele. E nisso a gente acaba se completando”,  fala o gerente de políticas de saúde, Walmir Guerra Caetano.

  “Acredito que eu vou aprender muito com ele, e vice versa, também, acho  que ele tem muito a aprender com a gente e a empresa só ganha com  isso”. Fala Carmelo.

  E o que as empresas estão fazendo pra que os conflitos entre as  gerações tenham sempre um final feliz, assim? É o assunto da reportagem  de amanhã.


Fonte: G1 "Jornal da Globo"



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Fonte: Jornal da Globo (G1)