quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sucesso econômico realça otimismo

O Brasil, com 73%, fica atrás apenas da Nigéria, empata com o Vietnã, supera a China, Gana, Argentina e Bangladesh. Não há país rico nas primeiras posições.

Tonico Ferreira / Carlos de Lannoy / Jorge Pontual 
São Paulo, SP / Buenos Aires, Argentina / Nova York, EUA

 

Nas ruas brasileiras, o que mais se vê é gente com muita fé em 2011. Dizem que o brasileiro é um otimista por natureza. Mas nesta virada de ano, há uma razão para o otimismo: o bom desempenho da economia. 2010 vai fechar com um crescimento econômico de cerca de 7,6% e uma taxa de desemprego baixa como nunca se viu nos últimos tempos.

Uma pesquisa em 140 cidades brasileiras mostrou em que aspecto de suas vidas as pessoas esperam melhorar em 2011: nas finanças pessoais, 65% dos entrevistados; no trabalho, 76%; nas relações amorosas, 80%; e na vida em geral, incríveis 82%.

Outra pesquisa, feita em 53 países, mostrou o Brasil na segunda posição entre as nações mais otimistas com 2011 em porcentagem de pessoas que acham que o novo ano será melhor do que 2010.

O Brasil, com 73%, fica atrás apenas da Nigéria (83%), empata com o Vietnã, supera a China (67%), Gana (64%), Argentina (60%) e Bangladesh (60%). Não há país rico nas primeiras posições. Chegou a vez dos pobres e dos emergentes.

Em Buenos Aires, os argentinos viveram decepções e frustrações importantes, mas nem a eliminação da Copa, a morte do ex-presidente Néstor Kirchner, o aumento da violência e da inflação foram capazes de reduzir o otimismo. Cerca de 60% acreditam que 2011 será um ano melhor.

Em Lisboa, está chegando ao fim o mais difícil dos 11 anos de existência do euro. Os 16 países que usam a moeda única temem que ela continue correndo perigo em 2011. Em tempos de alto desemprego e baixas taxas de crescimento, não é difícil identificar a Europa como o mais pessimista dos continentes.

A onda de pessimismo é geral na Europa, mas alguns países ainda têm menos esperanças do que outros. Depois do colapso financeiro de Grécia e Irlanda, Portugal é considerado o próximo da fila, e o dia 1º de janeiro reserva um péssimo presente.

O ano chega com aumento dos impostos de renda e do consumo. A popularidade dos políticos cai na mesma medida. Nas eleições presidenciais de 23 de janeiro, o desinteresse do eleitor é o adversário de todos os candidatos.

Mas a esperança é um sentimento que dá voltas ao mundo. E há mais de 500 anos, os portugueses aprenderam que os sonhos viajam na próxima caravela. "O Brasil vai nos ajudar. Vamos ter um exemplo aí de um país que está crescendo muito e com certeza vai nos dar um ânimo e uma alma nova para superar a crise", diz um português.

Nos Estados Unidos, as opiniões estão divididas. Algumas pesquisas, como a da agência Reuters, dão 60% dos americanos otimistas em relação a 2011. Outras, como a do Pew Institute, dizem que só 30% estão otimistas quanto ao futuro.

Nós fomos às ruas de Nova York e perguntamos aos americanos. Só um jovem se disse pessismista.

Ele diz que espera estar errado, mas teme que as coisas piorem em 2011.

Claro que o lugar escolhido ajudou no resultado: Times Square, na véspera do réveillon. O clima nessa época é sempre muito bom na região, e favoreceu também uma cena. Enquanto dizia estar otimista, uma jovem nem percebeu que o namorado estava ajoelhado para pedir a mão dela em casamento, com anel de brilhante e tudo.

Foi emocionante. A multidão empolgada aplaudiu. Impossível ser pessimista diante de uma cena dessas.

 

Fonte: Jornal da Globo

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