As vans foram desenvolvidas por uma universidade italiana depois de 12 anos de pesquisa. Ainda em fase de testes, o automóvel precisa seguir um carro com motorista de verdade para saber o trajeto.
Ginásio lotado, fãs enlouquecidos. Parece um show de música pop como outro qualquer, mas a estrela do show não existe, pelo menos no mundo real, embora esteja ali, cantando e dançando acompanhada por uma banda.
A cantora virtual tem até nome: Hatsune Miku. A empresa japonesa que criou Hatsune não revela qual é a tecnologia da imagem que, no palco, mede seis metros de altura e parece ter três dimensões.
Para os fãs, Hatsune é a artista de um futuro que já começou. Encontramos duas fãs, Hina e Kitu, em Akihabara, o bairro da tecnologia no Japão. Lá até carros são decorados com ídolos virtuais.
Hina se veste com roupas inspiradas na cantora e compra tudo o que pode sobre Hatsune. Ela explica que gosta das músicas da Hatsune Miku porque são compostas por pessoas diferentes, e assim nenhuma canção se parece com a outra. Um DJ já lançou 13 CDs com as músicas de Hatsune, que tocam nas boates de Tóquio.
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Para construir um ídolo virtual, é necessário muito talento de carne e osso. Por trás do maior sucesso da música japonesa dos últimos tempos, está a dubladora Sake Fujita.
Sake gravou uma série de frases e trechos de canções há três anos. Nem sabia direito como seriam usadas. Hoje, ela fica espantada ao ver o que as pessoas fazem com a voz dela e com a reação dos fãs quando a reconhecem.
Graças a um programa de computador chamado vocalóid, quem domina a língua japonesa e conhece composição musical pode usar o programa pra fazer uma canção.
Um DJ explica como é feito. Primeiro ele baixa da internet as palavras e frases da artista virtual. Depois, faz as letras e insere as notas musicais. Ele usa o mesmo processo para inserir os instrumentos e pronto: está criada mais uma música.
Robô japonês precisa de toques humanos para funcionar
Essa mistura entre real e virtual vai cada vez mais longe. Em um laboratório na cidade de Quioto, cientistas criaram um robô que substitui as pessoas, mas precisa de toques humanos para funcionar.
O objetivo dele é transmitir emoções. Se bem que o nome e principalmente a aparência não ajudam muito. É o telenóid, que parece um fantasminha.
O robô foi construído dessa maneira para poder representar qualquer pessoa, homem ou mulher, e de qualquer idade. E a intenção dos cientistas é que, além da voz e das expressões, ele reproduza também as emoções.
Hiroshi Ishiguro é o mesmo cientista que criou um robô igual a ele, que já mostramos no Fantástico.
O cientista explica que essa sensação é transmitida primeiro pela pele de silicone. E ela precisa ser tratada com um produto semelhante a talco para se manter suave. Os olhos também são muito parecidos com os nossos e os movimentos, como um leve abraço, ajudam a passar a emoção.
Na sala ao lado, uma equipe acompanha tudo por meio de câmeras e controla os movimentos e a voz do robô. Um programa de computador lê as expressões e os movimentos no rosto de uma pessoa da equipe e transmite ao telenóid, que reproduz tudo de um jeito ainda artificial.
O cientista explica que o objetivo no futuro é transformar esse robô em uma espécie de mensageiro, para comunicação à distância. Ele vai representar o dono. A pessoa que conversar com o robô vai perceber o que o dono da máquina está sentindo.
Esse mesmo princípio, de substituição com uma ajudinha humana nos bastidores, chegou ao teatro japonês no fim do ano passado pelas mãos do mesmo cientista. Na peça "Sayonara", que em japonês significa ‘adeus’, uma atriz americana contracenou com um robô feminino, chamado geminóid F.
Na verdade, a "alma" desse robô é de uma atriz, que ficou atrás do palco.Câmeras especiais e um microfone capturaram gestos, expressões e a voz dessa atriz. E um programa de computador transmitiu tudo ao robô em tempo real. A atriz americana disse que, diante do robô, sentiu uma certa distância: a colega de palco tem voz, mas falta nela uma presença mais humana.
Pode ser uma questão de tempo. Enquanto esse futuro das máquinas mais humanas não chega, seres humanos vão colocar a tecnologia dentro do próprio corpo.
Bioimpressora faz pele sintética, veias e ossos artificiais
Veja as pesquisas que estão revolucionando a vida nos Estados Unidos e na Europa.
Mãos biônicas conectadas aos nervos, com ligação direta no cérebro. Bioimpressoras fazendo pele sintética, veias e ossos artificiais. Próteses de pernas fabricadas sob medida. Ossos artificiais substituindo ossos verdadeiros dentro do corpo.
Os melhores laboratórios do mundo produzem um arsenal de peças de reposição para substituir partes defeituosas e fazer de nós, seres humanos, seres biônicos.
Tempos atrás, o americano Chad Chritenden precisaria de muletas ou cadeira de rodas. Mas, além de sortudo por viver em uma era de muita tecnologia, o cara é batalhador.
Faz com uma perna de metal e plástica o que muita gente não faz com duas de carne e osso.
Para evitar que um câncer no pé se espalhasse pelo corpo, Chad passou por uma cirurgia complicadíssima e teve a parte inferior da perna direita amputada. Só dois anos mais tarde, com ajuda de uma prótese, ele começou a jogar futebol. E agora, oito anos depois, por causa de um equipamento, ele tem a sensação de que teve de volta uma parte do corpo.
Diante da nossa câmera, pela primeira vez, o atleta experimenta um acessório feito sob medida pra ele: uma perna de plástico, levíssima e ultrarresistente que, depois de encaixada como um acessório na perna mecânica, deixa a deficiência física praticamente imperceptível. "Me dá mais confiança. Agora posso me concentrar no jogo sem me preocupar com o que as pessoas pensam de mim", conta.
Scott Summit é o criador da perna de Chad. Ele fundou uma empresa na Califórnia especializada no desenho de próteses. "É um sistema mecânico complexo que nós desenhamos pra reproduzir o movimento perfeito de um joelho", informa.
Uma máquina captura todo o formato da outra perna do paciente e, então, o desenhista cria o modelo da prótese. O programa de computador desenvolve as articulações e, por um simples e-mail, envia as informações para uma impressora tridimensional que pode estar em qualquer região do planeta.
Uma mão biônica é conectada ao punho e comandada pelo cérebro. O ruído da engrenagem é o que revela o segredo por trás da pele que parece de verdade. Está em desenvolvimento uma versão com 25 movimentos diferentes e mais de 80 pontos de sensibilidade, permitindo ao usuário não só pegar objetos, mas sentir o que está tocando.
Enquanto isso, na universidade do Missouri, nos Estados Unidos, células retiradas do corpo do paciente servem de combustível para impressora de tecidos e veias. As células se reproduzem ali dentro e, misturadas a uma espécie de gel sintético, passam a funcionar como um jogo de montar, camada por camada, até formar um tecido que pode, então, ser implantado no mesmo paciente.
Uma aplicação prática, que pode acontecer em breve, segundo a doutora Françoise Marga, seriam implantes em pessoas que tiveram nervos destruídos.
De volta ao Japão, uma nova tecnologia faz com que ossos esmigalhados em um acidente ou perdidos por alguma doença sejam regenerados a partir do implante de ossos artificiais. "Até agora, eram feitos transplantes com partes de ossos extraídas da perna ou da bacia", diz o doutor Hideto Saijo, da Universidade de Tóquio. "Mas, nem sempre é possível fazer isso. A medicina regenerativa trabalha para que não seja necessário fazer transplantes".
Os pesquisadores japoneses já fizeram 10 implantes de maxilares bem-sucedidos e sem rejeição. Usando uma impressora 3D eles produzem ossos artificiais com um tipo de cimento chamado Alpha TCP.
"Apesar de ser um implante, ele não é permanente", diz o pesquisador. "A substância é absorvida pelo organismo à medida que o novo osso vai se formando e desintegrando o implante."
Espera-se que em 10 ou 20 anos, braços e pernas também poderão renascer a partir de material sintético.
Olhos biônicos podem ajudar cegos a enxergar
Mas os olhos biônicos já estão abertos. É uma supercâmera instalada em óculos especiais que envia sinais a 60 terminais elétricos implantados na retina.
Se hoje o paciente que era cego consegue ver borrões em preto e branco, a expectativa, no futuro, é por uma imagem mais definida e, quem sabe um dia, colorida. "Substituir" parece que vai ser muito usado nos próximos anos.
No futuro, a torcida grita, mas o técnico não está nem aí. Não mesmo. Cientistas da Universidade Carlos III, em Madrid, estão abrindo caminho para a criação de um treinador virtual: um computador capaz de dirigir uma equipe sozinho.
O programa tem um visual muito simples e não inclui nenhum robozinho sentado no banco de reservas.
A máquina já consegue analisar os diferentes tipos de jogadas possíveis e decidir o posicionamento dos jogadores de acordo com o rendimento potencial de cada um.
Os cientistas ensinaram o computador a enxergar, a reconhecer cores, formas, distância e profundidade com uma precisão cada vez maior. O olhar da máquina já pode enxergar uma realidade que vai além do olhar humano e tomar decisões como se uma quadra de basquete fosse um tabuleiro de xadrez.
A realidade é captada por uma única câmera a laser. Distância e profundidade se transformam em cores na tela. É assim que funcionam também os videogames de última geração, que dispensam qualquer comando e lêem os movimentos do jogador. Cientistas espanhóis querem ensinar o computador a ver melhor e a enxergar a realidade ao redor.
Um sistema reconhece sozinho um objeto abandonado. Malas com bombas podem ser identificadas mais facilmente e as câmeras automaticamente perseguem o suspeito.
Só falta mudar aquele famoso cartaz: "sorria, você está sendo filmado, analisado e interpretado por um computador".
Ou, então, por um carro.
Carro dispensa motorista na Itália
Vans que têm passageiro no banco do carona, mas o do motorista está vazio. Saíram da Itália e foram recebidas na China com festa, porque chegaram levando o futuro: o carro dirigido por computador, o trânsito dos pilotos automáticos.
Nunca uma viagem tão longa tinha sido feita por veículos sem motorista, que ainda por cima são totalmente elétricos. As vans saíram de Milão, na Itália, e foram até Xangai, na China: 13 mil km percorridos em três meses, o que dá 144 km por dia.
Cientistas da Universidade de Parma precisaram de 12 anos de pesquisas para desenvolver esses forgões e outros modelos de carros que andam sem ninguém ao volante. O Fantástico foi até lá e pegou uma carona no protótipo mais avançado da universidade..
O professor Alberto Broggi, chefe do projeto, explica como esse carro vê o mundo: "O sistema se move graças a uma visão em três dimensões que vem dos sensores externos. O carro vê e entende o mundo e determina qual o melhor caminho".
Os sensores detectam o movimento até de pedestres que apareçam de repente na rota do carro, que para automaticamente. Uma das câmeras instaladas no para-brisas consegue reconhecer os sinais e as placas de trânsito e também as luzes do carro que estiver na frente.
Ainda em fase de testes, o carro inteligente precisa seguir um carro com motorista de verdade. O trajeto é indicado pelo carro da frente. Se ele se afasta e sai do raio de detecção, o caminho é enviado por sinais de rádio ao sistema de navegação.
"Se conseguirmos dar inteligência a esses veículos, talvez seja possível diminuir os acidentes", diz ele.
É o objetivo de cada tecnologia que você viu nessas reportagens: melhorar a vida das pessoas, até mesmo quando elas não são mais necessárias.
Fonte: Fantástico
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