No Brasil, os importadores pagam menos pelos produtos feitos lá fora, e os exportadores estão ganhando menos na venda de mercadorias nacionais.
Exportadores precisam de boa infraestrutura, diz Miriam
Para a colunista, os investimentos são necessários, independentemente da cotação do dólar. Assim, tanto exportadores de commodities quanto de frutas e tecidos seriam beneficiados.
Para quem produz e investe no Brasil, a queda do dólar dividiu opiniões. Tem exportador que não se importou, mas muitos setores se importaram, sim, e tiveram prejuízo. Só escapou de perdas quem vendeu as commodities, que são os alimentos, minérios, matérias primas. Mesmo esses empresários dizem que a infraestrutura precária do Brasil torna nossos produtos menos competitivos.
De olho nas exportações, produtores de frutas do interior de Pernambuco chegaram a investir mais. Porém, a alta do real provocou um efeito contrário.
“Os custos subiram e o faturamento caiu em mais de 50%. Apesar de as produtividades terem aumentado no vale, a dificuldade, a inviabilidade e a inequação formadas por essa política cambial vão, realmente, botar os produtores a tentarem, inclusive, diminuir sua produção”, conta o vice-presidente de uma exportadora, Artur de Souza.
Uma fábrica de tecidos em São Paulo conquistou clientes nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Argentina e Uruguai. Chegou a exportar 30 toneladas de tecido por mês, mas a clientela cortou as encomendas, e as exportações foram reduzidas a apenas sete toneladas por mês.
“Foram anos de trabalho que a gente fez em cima do mercado externo, participando de feiras, fazendo viagens para o exterior, e a gente vê de repente isso em função de o dólar despencando”, diz o diretor da empresa, Renato Bitter.
A lógica econômica é simples: o dólar barato é bom para quem compra e ruim para quem vende. Traduzindo para o mundo dos negócios: no Brasil, os importadores estão pagando menos pelos produtos feitos lá fora, e os exportadores estão ganhando menos na venda de mercadorias nacionais.
Mesmo com o dólar em queda, um grupo de exportadores continua lucrando: são os produtores de commodities, como minério de ferro, aço, açúcar, carne e soja. Trata-se de mercadorias com demanda e preço em alta no mercado internacional, puxados especialmente pela locomotiva chinesa.
O cenário é otimista para os produtores de soja, que esperam para a próxima safra a melhor rentabilidade desde 2005. O preço subiu 30% por causa da grande procura no mercado internacional.
“A demanda ocasionou um preço tão alto no mercado que compensou um dólar fraco para nós agora, na hora de vender. Quer dizer, a soja subiu mais do que o dólar caiu teoricamente e nos ajudou”, afirma o diretor do Centro Grão, João Birkhan.
Os produtores de açúcar vivem um momento parecido, mas reclamam que, se não fosse a valorização do real, teriam conseguido faturar mais e investido em modernização tecnológica. Na análise do economista André Luiz Sacconato, o Brasil precisa fazer mais para ajudar as exportações. Para Sacconato, o maior entrave não é nossa moeda forte, mas nossa infraestrutura fraca.
“Não tem porto ou aeroporto. A burocratização da exportação é uma coisa terrível, e principalmente a gente tem rankings mundiais em que o Brasil aparece próximo de países africanos no quesito infraestrutura. Esse produto brasileiro sai caro por conta disso, e não por causa ou só por causa do cambio”, explica o economista da Tendências Consultorias, André Luiz Sacconato.
Talvez melhor do que usar reservas para segurar o câmbio, fosse melhor usar o dinheiro para acelerar as obras de infraestrutura.
Fonte: Bom Dia Brasil
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