quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Tecnologia usa biciletas e pistas de dança para produzir energia elétrica

Pedalar e dançar podem ajudar a economizar energia. A tecnologia já está sendo usada no exterior e no Brasil para favorecer o meio ambiente.

Malu Mazza e Elaine Bast 
Rio de Janeiro e Nova York



Arregaçar as mangas, malhar, dançar... Atividade física faz bem para o corpo e para a alma, mas também pode ter outra utilidade: produzir energia elétrica. Esta tecnologia está sendo usada em baladas no exterior e também no Brasil.

Com a pista cheia, mais de sessenta pessoas dançando e pulando geram muita energia. A pista tem nove módulos, cada um deles montado sobre uma mola. Quando as pessoas batem o pé no chão, o piso balança e aciona os geradores de eletricidade, que acendem as luzes. Uma torre de medição mostra quanto é produzido. “Com a pressão e o peso das pessoas, quanto mais empolgadas elas estiverem, mais energia a gente vai gerar aqui”, explica o mestre em ciências ambientais André Amaral.

A tecnologia - que surgiu em uma boate de Amsterdam, na Holanda, e hoje está em várias partes do mundo - produz eletricidade suficiente para garantir a luz e o som da festa. No Brasil, essa pista captou a energia de quem foi ao Rock in Rio. Em sete dias de evento, a pista de dança e um vídeo game que incentivava as pessoas a pedalar produziram seis mil watts – o suficiente para acender 500 lâmpadas fluorescentes ou para manter 50 televisores grandes ligados por uma hora.

O mesmo sistema pode ser usado em corredores de escola, shoppings e terminais de ônibus de grande movimento. “Em alguns países já estão fazendo isso, usando essa energia desperdiçada pelo movimento das pessoas diariamente”, afirma André.

No Rio de Janeiro, uma bicicleta ergométrica com dupla função é usada com esse objetivo. Além de emagrecer e deixar as pernas fortes, o aparelho produz energia. Isso porque ela tem um gerador de eletricidade embutido. Uma luz piscando mostra a energia que está sendo gerada. E por causa disso, a bicicleta também funciona como um carregador de celular. “O tempo que a bateria levaria para carregar na sua casa é o mesmo tempo”, garante o especialista.

Nos Estados Unidos uma academia de ginástica também retira dos aparelhos boa parte da energia que consome, aproveitando as aulas na bicicleta para diminuir a conta de luz.

Assim como no Rio de Janeiro, as bicicletas foram especialmente adaptadas para transformar toda a energia dos alunos em eletricidade. Cada hora de aula significa uma economia de três quilowatts, a mesma quantidade de energia gasta por um forno de microondas usado por 60 minutos.

Em um mês, a energia gerada na sala chega a 288 quilowatts. Não é o suficiente para zerar a conta de luz, mas já dá uma boa ajuda. O equipamento que transforma as pedaladas em eletricidade fica no pé da bicicleta. A cada uma delas um aparelhinho monitora as calorias queimadas e a quantidade de energia criada pelo aluno. "Isso é muito encorajador para os alunos e para mim também. É motivador para todos nós, especialmente nos tempos em que vivemos. Leva a nossa aula de ginástica para um nível diferente", relata o instrutor Rick Meadows.

Na Universidade Tecnológica do Paraná, uma bicicleta parecida é assunto de aula. O professor de engenharia eletrotécnica Ednilson Maciel montou o equipamento com materiais que iam para o lixo. Com ela, uma pessoa pedalando pode iluminar uma casa pequena. O Brasil consome 36 mil gigawatts de eletricidade por hora – 70% vêm das usinas hidrelétricas e só 1% é gerado pelos ventos. A contribuição da energia solar é praticamente zero.

Para o professor, é fundamental ampliar o uso de todas as fontes alternativas de energia. Ele defende principalmente um novo conceito: as usinas virtuais. “Usina virtual é aquela que não existe, mas que vem da minha economia, da sua economia. Nós gastamos menos, com isso nós produzimos um potencial que é o mesmo e atende mais pessoas”, explica.


Fonte: Jornal Hoje, exibido em 24/10/2011


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